sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O professor, a escolinha e as múmias

Por: Alexandre Carlos Aguiar

No Antigo Egito, diariamente rodava pelas ondas dos rádios e simultaneamente pelas telas de TV um determinado programa que se dizia de debates. Há anos mantinha-se na mídia às sombras das pirâmides, dizendo o que queria e o que deseja, de tudo e de todos, monitorado pela audiência dos escravos de um jogo de pelota e comandado por apóstolos de Ramsés, Priscoscamons e Delfinhotep, os faraós da época.

Nos últimos anos da dinastia vigente participavam da mesa que delongava os debates algumas figuras, tidas por elas mesmas como deuses-animais, antropomorfos, como o deus-raposa, o deus-ratão e o deus-bode, ajudados por um deus-anão e um deus-moicano. Aliás, três delas era múmias redivivas: a raposa, o bode e o anão.

Estas figuras lendárias, viúvas de outras múmias que desencarnaram na 2a. divisão daquele antigo jogo de pelota, não contentes com a situação da sua obsessão, opaciavam freneticamente o desempenho do fabuloso Rei Leão, o verdadeiro e legítimo representante daquelas tribos na 1a. divisão daquele referido jogo. Mas isso é outra história.

Ocorria que, na maioria dos encontros daquela turma nos debates diários, o deus-bode surgia implacável com seu arguto e destemido conhecimento sobre tudo, ou melhor, do conhecimento que presumia ter. Desde Ecologia até Fisiologia Humana, passando por táticas destrambelhadas e hilárias do jogo citado até a concepção de imagens e formas que nem os hieroglifos poderiam enganar. Era um sábio muito maior que Sócrates e Platão, quiçá do Manuel da Quitanda. Só não entendia de cocô de camelo, "por que aí também já seria demais, né".

Os hierioglifos revelaram, contudo, séculos depois, que os escribas da época ficavam a pensar com seus botões se este sujeito fazia tipo, queria aparecer, ou pensava assim mesmo. Se ele fazia tipo, ou queria aparecer, tudo bem, Freudepz, o psiquiatra visigodo da época fazia-lhe muita falta e nada que alguns comprimidinhos não resolvessem.
Agora, se era assim mesmo a sua linha de raciocínio, então a coisa era beeemmm pior, pois, diga-se, o cabra (ou melhor, o bode) era um prosélito professor.

Mas talvez seja por isso que as escolinhas no Antigo Egito não houvessem atingido o patamar de ridículas, ficando abaixo disso.
Com professores como aquele, explica-se por que o Egito, um belo dia, faliu.

2 comentários:

Rodrigo Moskorz disse...

E esses faraós não houveram nem de merecer sua pirâmide-arena para descansar em paz...

Alexandre Carlos Aguiar disse...

Hehe! É verdade, Rodrigo.
Vão virar múmias vagando pelo deserto, à espera de um caféziho que os conforte.