Por Alexandre Carlos Aguiar
Após aquele jogo (aqueleZZZZZZZ, não tem?) contra o Moleque Tropeço, quando chegamos à liderança do campeonato em todos os quesitos sem ter jogado futebol, dei uma olhada rápida para a Ressacada e me deparei com um estádio-fantasma. Lembrei, imediatamente, daqueles filmes antigos de faroeste, onde na cidade, abandonada pelos seus habitantes, correm feixes de capim levantados pelo vento e só um sussurro é ouvido.
Pois a Ressacada, jogo após jogo, está virando isso: um local habitado por fantasmas.
Antigamente havia as filas tanto para se chegar ao estádio como para sair. Mas aquele tormento que nos motivou a “elogiar” nossos administradores públicos deixou de existir. Por incrível que pareça não há mais filas e estou até inclinado a pedir ao prefeito incompetente que desista de construir o tal elevado e a duplicação daquela rodovia. Não será mais necessário. Pelo menos para os avaianos.
No passado também havia uma torcida. Havia aquele frisson, o “algo a mais” de uma torcida fanática, vibrante, capaz de mudar resultados de jogos encardidos e complicados. Era uma emoção avassaladora assistir à torcida do Leão tempos atrás. Em algumas vezes, ela deu mais espetáculo que o próprio time em campo. O estádio da Ressacada já foi considerado um caldeirão pela mídia nacional (só a nacional, ressalte-se!) por essa manifestação alucinada dos apaixonados azzuras. Hoje, apenas alguns ciclotímicos e teimosos, que pagam uma mensalidade exorbitante, vão para lá bocejar. Até o batuque da organizada parece marcha fúnebre.
Havia, ainda, futebol jogado naquele campo. Campo, não, Tapete Mágico! Pois por aquele tapete mágico rolaram bolas em jogadas mirabolantes, extraordinárias. Verteram-se sobre ele suores, sangue e lágrimas em partidas apoteóticas, em lances primorosos, em gols apoleônicos, alguns dos quais ainda insistem em permanecer em nossas retinas. Agora vê-se partidas de tênis, cujas bolas são lançadas para lá e para cá ou, ainda, maratonas, onde o lance de letra, o passe açucarado deu lugar à correria. Futebol que é bom....
Tínhamos uma diretoria. Hoje, os homens que comandam o Avaí nem mais se dignam a esbravejar contra a mídia maldosa e golpista, aquela do cafezinho das 2as. Feiras, tampouco contra os arranjos da Federação. Estão confortavelmente envolvidos na ânsia de fazer um Avaí moderno e vigoroso, mas esqueceram de convidar a torcida para isso. Time sem torcida é o mesmo que fazer sexo com 3 preservativos e mais um lenço enrolado no “elemento”: você até chega lá, é até o 1º. colocado, pode ser o campeão, mas jamais será elogiado. Ninguém sente nada!
É preciso, portanto, exorcizar os fantasmas. É preciso dizer que Silas, Marquinhos, Leo Gago, Eltinho e Batoré foram embora, esse é o primeiro passo. É preciso dizer que os torcedores fiéis e fanáticos foram despejados do estádio e que, dessa maneira, os que sobraram tem que inventar uma nova forma de torcer. É preciso que uma farmácia seja aberta na Ressacada, ao invés de um bar, para que os restantes torcedores tomem calmantes antes dos jogos. É preciso que se jogue futebol, com bola de pé em pé, com coragem, com vontade de vencer uma partida, com o atacante querendo fazer gols, com um meia criativo “criando” jogadas. Não quero carrinhos, chutões e correrias. Quero, apenas, futebol. É o que me basta!
Do contrário, os fantasmas que ainda restam farão companhia aos quero-queros. E, no final, sobrarão apenas os quero-queros.
3 comentários:
Demais teu texto! Parabéns!
Sou um dos fanáticos que foi escurraçado da Ressacada por essa "diretoria" mercenária, apoiada por um conselho "decorativo". Uma pena saber que nós fomos reduzidos a uma centena de teimosos!
Mas sempre serei AVAÍ! Pq o AVAÍ não é o Zunino e seus aliados!
AVAÍ SEMPRE! SÓCIO NÃO MAIS!
Alexandre acrescenta aí, antes falava-se em vibração da torcida hoje fala-se em planejamento, aquele mesmo planejamento que o co-irmão sempre falava e que o levou para a segundona. Ainda acho que xerocaram o tal planejamento e o levaram para a Ressacada...
belo texto! abs!
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