sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

No Campo dos Apitos Uivantes

Por Alexandre Carlos Aguiar

Tem uma coisa que eu acho engraçado em relação a quem comenta arbitragens: dizem, os “ixpecialistas”, que errar é humano e que a televisão concorre covardemente com ele. Embora pareça ser verdade, há uma componente ridícula nessa afirmação.

Sim, quem assiste a um jogo pela TV tem a seu favor câmeras nos mais diversos pontos a nos mostrar até o intestino da bola. Algumas câmeras são capazes de fazer ultrassom de uma jogada, revelando nuanças que sequer imaginávamos. Uma transmissão de futebol, quando bem dirigida, é capaz de transformar uma singela pelada numa homérica partida, digna de final de Copa do Mundo. Claro, eu falo das boas transmissões, pois a rede que está encarregada de fazer isso aqui no anódino Delfinzão fica devendo a Sacha até pra Xou da Xuxa.

Bom, mas eu quero falar é do árbitro de futebol, aquele sujeito mal encarado, senhor de si, dono de empáfia napoleônica, de nariz empinado, que é convocado para administrar as regras do jogo e que quase sempre comete cirurgias nas partidas de futebol, creditando-se a isso um tal “erro humano”, normal e aceitável.

Num jogo de futebol há gente de todos os tipos e nas mais diversas funções. Há os policiais que estão ali para cuidar da segurança, há os médicos e enfermeiros para socorrer alguém, há os jornalistas para dar palpites e comentar ou narrar um jogo, há os torcedores que vaiam, xingam e aplaudem seus times, há os técnicos elaborando estratégias para vencer a uma partida, há os vinte e dois jogadores a correr atrás da gorduchinha (a bola!), há os reservas esperando uma vaga no time como quem corre atrás de um prato de comida, há os massagistas e preparadores físicos a auxiliar aos treinadores, há os dirigentes pensando numa forma de vender seu craque por um bom preço, há os pipoqueiros e vendedores de refrigerantes para nos atrapalhar quando um lance é importante, há até os quero-queros a botar ovos quando um zagueiro dá um carrinho por trás no atacante. Cada qual com suas preocupações. E todos são capazes de afirmar que num lance duvidoso o árbitro não marcou por que não quis.

Então por que um sujeito, que é pago para fazer só aquilo (anotar os lances), ou para ver um lance difícil, ou uma falta, não marca e ainda alega não ver, ou, pior de tudo, que não “houve intenção”, acabando por deixar todos aqueles que vêem alucinados pelo seu erro? Se todos num estádio, até aqueles que ficam a dezenas de metros do lance, vêem uma falta ou um pênalti, sem ajuda da TV, sem replay, sem efeitos especiais, como é que um didadão que está ali perto, que não tem outra preocupação que não seja VER o jogo, não vê? Às vezes são erros que decidem um campeonato e jogam por terra meses de investimento e preparação.

Queria ver alguém que defende árbitros pelo “erro humano” defender um cirurgião, quando estivesse numa mesa, sedado, e ele, o médico, ao invés de tirar-lhe o rim retira o fígado, alegando que “não houve intenção”, foi só uma questão de “interpretação”.

Árbitro que erra um ou outro lance é burro. Precisa se afastar e voltar a estudar a regras. Árbitro que erra consistentemente, e contra o mesmo time, é mal intencionado. Precisa ser processado e preso por má-fé.

Um comentário:

Alexandre Carlos Aguiar disse...

Este texto também serve para o ladrão Zé Acácio. Fomos roubados.