quinta-feira, 19 de novembro de 2009

E na granja famosa...

Por Alexandre Carlos Aguiar

Os bichos-cricri da famosa granja Comigo Boi Não Dança, mais conhecida pelas iniciais CBN-D, se reuniram para assistir a uma apresentação do Leão e seu Domador no fabuloso Circo do Deba. Estavam lá a Raposa Felpuda, maledicente e ardilosa, o Sapo Duende, encrenqueiro e eterno inconformado, o Bode Espanhol, velho, muito velho e carcomido, o Ratão do Banhado, que não deu certo em lugar algum e acabou dando na Granja e o Morcego Moicano, que posa de intelectual para fazer gênero.

Sentaram-se num lugarzinho reservado só para eles, os bichos-cricri, e passaram a apreciar o espetáculo que se iniciava. Lá pelas tantas a Raposa Felpuda, que havia feito um penteado novo e estava cheia de gel na peruca, lisa que só ela, começou:

- Isso aqui está muito bonito, de uma plasticidade absurda. Há muito tempo, desde o Campo da Liga, que eu não via um circo tão bem montado.

- Eu freqüentei muito o Campo da Liga. – emendou o Bode Espanhol. – A gente soltava pipa com cerol de vidro moído. Picava muito vidro, mas não usava tudo.

- E o que faziam com o resto do vidro picado? – Quis saber a Raposa.

- Ah, isso eu não posso dizer. – Baliu o Bode.

O Sapo Duende começou:

- Pô, fizeram um puxadinho sem-vergonha aqui, hein. Ih, e tá chegando muita gente. Não vai caber todo mundo aqui dentro não.

- Mas, ô Sapo, - expressou-se o Morcego. – A capacidade do circo é essa mesma. Quando o espetáculo é bom vem muita gente mesmo.

- Pra mim, não. Pra mim venderam mais ingresso do que deveriam. - O Sapo irritou-se.

- Tás chamando a direção do circo de desonesta? – quis saber o Morcego.

- Não, é que não posso perder o costume. – cuspiu-se o Sapo.

- E qual é?

- De falar mal deles, é claro.

- Lá na Espanha eu via muito o Cirque du Soleil. – assanhou-se o Bode.

- Xi, lá vem ele com esses nomes destroncados. – arrematou o Sapo Duende. E a dentadura caiu de novo.

- Rapazes, o Leão está se apresentando muito bem, hein? – Comentou a Raposa.

- É, mas chegou aqui a informação de que o Domador do Leão não queria trabalhar hoje, não. Ele tinha num batizado lá em Madrid e ia deixar o Circo e o Leão na mão. – Apressou-se o Ratão do Banhado.

- A informação correta é que ele deve deixar o Circo logo após o espetáculo. – Quis corrigir o Morcego.

- Mas, convenhamos, sair agora, neste momento em que o Leão está tão bem? – Continuou o Ratão. – Isso é mais uma prova que há um desgaste entre eles. Dizem que o Leão queria até morder a mão do Domador.

- Mas isso é verdade? Vamo combiná que isso precisa ser mais bem esclarecido. – Pipocou a Raposa, que estava alisando o gel do cabelo novamente.

- Pô, mas a direção lá da granja não mandou a gente arrumar cosias para falar mal deles. Vocês não me deixem nessa sinuca, né.

- Por falar nisso, e os nossos amigos da Granja vizinha? – Perguntou a Raposa. – Alguma notícia, se eles vão sair da pindaíba.

- Não sei, não, mas acho que não vai dar. – Disse o Bode Espanhol.

- Ué, e porque? – Perguntou o Sapo, arrumando a dentadura.

- É que fecharam todas as janelas. – Arrematou o Bode. – E o rei das janelas, a granja tricolor, tá conseguindo resolver sua situação. Portanto, acabou-se a esperança.

- Mas eles vão sair dessa. – Resignou-se a Raposa, quase aos prantos. – Eu acredito! Acredito em Papai Noel, Mula-Sem-Cabeça, disco voador e que o Michael Jackson não morreu.

4 comentários:

Mausé disse...

Muito bom, Alexandre. Essa "jabá-press" é um prato cheio, não? Abraço.

Anônimo disse...

Simplesmente excelente!!!!!!!!!!

Rafael F. Botelho disse...

Tu és terríiiiiiivel Alexandre

muito boa mais uma vez.

Mas não esqueça. DIA 29 VEM AÍ.

www.dia29vemai.com.br

Paulo disse...

qualquer semelhança com uma radio local, é mera coincidencia !!!